Ontem, a Nintendo surpreendeu a todos ao anunciar por meio de uma nota que a empresa estará encerrando as suas atividades no Brasil neste mês de Janeiro, citando especialmente a alta carga tributária de impostos como o principal fator para a decisão.
Posteriormente, o diretor geral da Nintendo para a América Latina, Bill van Zyll, concedeu uma entrevista ao portal de notícias G1, aonde o executivo ofereceu um melhor esclarecimento sobre a decisão tomada pela empresa, e comentou também sobre o que esperar da fabricante japonesa para o mercado brasileiro no futuro.
Segundo explicou van Zyll, a questão aqui é que a Nintendo "está dando um passo atrás no Brasil para repensar o seu modelo de negócios" no país. O atual modelo de negócio adotado pela Nintendo para o Brasil foi o de importação de seus produtos diretamente do exterior, já que a empresa havia decidido por não ter uma operação de fabricação local no país.
Desta forma, o executivo afirmou que a Nintendo enxerga esta decisão como "algo temporário", e garantiu aos fãs: "Não estamos desistindo do Brasil".
"O Brasil é um mercado único por causa do seu tamanho e potencial. E isso cria desafios únicos. O que eu posso dizer é que olhamos continuamente para o modelo de importação. E nos vimos forçados a repensar esse modelo. Determinamos que ele simplesmente não é sustentável", afirmou van Zyll ao site.
"Por causa desses custos, não somos capazes de levar nossos produtos aos consumidores brasileiros a um preço e a um custo que faça sentido", continuou ele. "Continuamos trabalhando para pensar em um modelo diferente para o mercado brasileiro". O executivo informou que ainda não há uma solução alternativa para substituir o fim do acordo com a Gaming do Brasil.
Em Junho do ano passado, a Nintendo chegou a comentar que a empresa estava estudando a possibilidade de fabricar o console no Brasil. Durante a entrevista concedida ontem ao G1, van Zyll foi perguntado sobre esta possibilidade, mas o executivo explicou que no final das contas isso acabou não se mostrando uma solução muito viável para a Nintendo.
"Como você pode imaginar, estabelecer um processo local de fabricação é complexo e caro. Não é simples. É algo que pensamos e avaliamos e, no final, por conta de uma série de fatores, analisamos que o custo benefício da produção local não é a solução certa", disse ele.
Curiosamente, o executivo indicou que foi essa mesma fabricação nacional adotada pela concorrência que acabou atrapalhando os planos da Nintendo no Brasil. "Em um momento, a norma era importar. Todos estavam importando. E os preços eram altos. Mas isso mudou. A nova realidade é que algumas companhias estão fabricando localmente e os preços abaixaram. E nessa nova realidade, nós continuamos importando e não conseguimos os preços certos".
Para o consumidor brasileiro, o anúncio feito ontem pela Nintendo significa que a fabricante não possuirá mais seus consoles e games sendo comercializados de forma oficial no Brasil. Com o fim das vendas oficiais de seus produtos no país, os jogos e consoles da empresa continuarão sendo vendidos no Brasil somente enquanto houver itens nos estoques da distribuidora e das lojas de varejo.
O resultado disso é que, como alternativa, os fãs da Nintendo no Brasil acabam ficando apenas com as opções de se fazer pessoalmente a importação de jogos do exterior, ou comprar os títulos que forem lançados no formato digital através da loja virtual eShop. Neste último caso, no entanto, apenas a loja eShop do 3DS se encontra disponível no Brasil.
Ao ser perguntado sobre um possível fortalecimento da presença digital da Nintendo no Brasil - que em outras palavras significaria um possível lançamento da loja eShop do Wii U no país - van Zyll disse apenas que a empresa "continua estudando soluções".
"Essa é uma questão muito justa. Nós enfrentamos desafios inéditos no Brasil e isso de fato complicou a vida de vários consumidores brasileiros. Continuamos tentando achar soluções para os fãs conseguirem acessar o eShop. E não temos uma resposta fácil e rápida para o mercado brasileiro", declarou ele.
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